Rascunhos Imperfeitos: Quando chorar torna-se a única opção

   
     Estava no fim da tarde, quando o telefone tocou. Eram minhas amigas me convidado para sair, não estava muito afim de ir, mais elas insistiram muito e eu acabei aceitando, para não pegar mal. Deliguei o telefone, vesti um vestido preto com bolinhas brancas, fiz uma make, coloquei um sapato de salto alto, arrumei meu cabelo, e mesmo assim continuei me sentindo horrorosa. Meus olhos encheram de lágrimas, mais olhei para cima, e não deixei que uma única lágrima arruinasse com minha maquiagem. Mesmo me sentindo muito mal por dentro, fui encontrar com elas, não queriam que ninguém desconfiasse de nada. 
     Entramos numa sorveteria comum, tomamos o sorvete, e do nada, uma forte vontade de chorar me dominou, mais como sempre, eu olhei para cima, e segurei minhas lágrimas.
     Quando cheguei em casa, fui imediatamente para meu quarto. Tranquei a porta e por alguns minutos, olhei no espelho, e quanto mais eu olhava, mais eu me sentia pior. Passei a meu no rosto, borrando toda a maquiagem. Enquanto as lágrimas levemente iam rolando por minhas bochechas, tirei meu vestido preto com bolinhas brancas, e fui tocando cada parte do meu corpo.
    Eu não me sentia como minhas amigas, eu era diferente, não me sentia satisfeita com meu corpo. Encostei na parede, e fui deslizando até sentir o chão gelado. E fiquei lá sentada no chão, chorando baixinho para que ninguém pudesse escutar, escondida no meu lugar de refúgio. 
    Não sei descrever o que eu sentia no momento, mais é como que eu me sentisse inferior as minhas amigas. Eu adoraria neste momento levantar e dizer com orgulho "Essa é quem sou", mas não consigo. Não que eu seja fraca, aliás, até me considero bem forte para uma garotinha. Eu só não consigo controlar as lágrimas. Elas surgem rapidamente, doem feito lâminas cortando a pele do meu rosto, e não te a menor pressa de ir embora. O que eu posso fazer?
    Em alguns momentos, eu até gosto de me sentir diferente, mas não nesse momento. Sempre sou considerada a mais estranha da turma. Eu não sou a garota que os caras sentem atração, não sou a mais inteligente, eu não sou o orgulho da família, eu não sou admirada por ninguém.
    Eu não quero chamar atenção com meu corpo, eu não quero ser a mais linda, nem igual a todas minhas amigas. Eu só quero ser feliz, e me sentir bem comigo mesma. Coisa que não acontece a muito tempo.
    E o que me resta? Coloca o fone de ouvido no volume máximo e chorar por uma noite inteira.